Peregrino: Mestre Átila, sempre ouvi falar da Maçonaria, mas ainda tenho dúvidas. O que é a Maçonaria, exatamente?
Átila: É uma instituição filosófica, filantrópica, educativa e progressista, Peregrino. Nasceu das guildas medievais de construtores, mas hoje trabalha simbolicamente para aprimorar o ser humano. Imagine um grupo que usa o esquadro e o compasso não para erguer paredes, mas para construir caráter.
Peregrino: Por que “filosófica”? Tem a ver com Sócrates ou Platão?
Átila: Em parte! Investiga as leis da natureza e as bases da moral e da ética. Não se contenta com respostas prontas — questiona a essência das coisas. Como dizia Voltaire, um maçom ilustre: “O questionamento é a chave da sabedoria”.
Peregrino: E a filantropia? Ajudam apenas membros?
Átila: Ao contrário. Nossos recursos são para o bem-estar humano, sem distinção. Desde hospitais, orfanatos, até apoio educacional. Lembra-se de Dom Pedro I? Ele ajudou a financiar escolas públicas enquanto Grão-Mestre.
Peregrino: “Progressista” me soou moderno. Como conciliam tradição e avanço?
Átila: Respeitamos a crença em um Grande Arquiteto do Universo, mas não dogmas. A Maçonaria apoiou a ciência mesmo quando a Igreja a perseguia. Beethoven, maçom, compôs sinfonias que desafiaram o tradicionalismo musical. Progresso, para nós, é evolução sem perder a ética.
Peregrino: Quais são seus princípios fundamentais?
Átila: Liberdade, igualdade e fraternidade — mas com profundidade. Liberdade não é fazer o que quer, mas agir com responsabilidade. Igualdade não é uniformidade, mas valorizar a diversidade. Fraternidade é enxergar no outro um irmão, mesmo que pense diferente.
Peregrino: Li que o lema é “Ciência, Justiça, Trabalho”. Como isso se aplica?
Átila: Ciência para iluminar mentes (Rui Barbosa, maçom, foi pioneiro na defesa da educação). Justiça para equilibrar relações (o Duque de Caxias usou-a até na guerra). Trabalho como dignidade: até Mozart, em suas óperas, exaltou o esforço humano.
Peregrino: A Maçonaria é uma religião? Já ouvi dizer que sim…
Átila: Não. Aceitamos pessoas de todas as crenças, desde que creiam em um princípio criador. Padre Calvo, fundador da Maçonaria na América Central, era católico. Aqui, um ateu não entra, mas um muçulmano, judeu, espirita ou budista é bem-vindo.
Peregrino: E o segredo? Há rituais ocultos?
Átila: (Sorri) Nossos símbolos são públicos — até na nota de dólar tem uma pirâmide maçônica! O único “segredo” são os gestos de reconhecimento entre irmãos. Imagine um aperto de mão que diz: “Confio em você, pois compartilhamos valores”.
Peregrino: Quem pode se tornar maçom?
Átila: Homens livres, de bons costumes, com profissão honesta. Não importa se é pedreiro ou professor, como José Bonifácio. Exigimos compromisso com a família, a pátria e a humanidade. E, claro, disposição para estudar.
Peregrino: Por fim: por que a Maçonaria é tão criticada?
Átila: (Pausa) Porque incomoda. Combate a ignorância, o fanatismo e os privilégios. Lutamos pela Independência do Brasil e pela Abolição, o que desagradou elites. Mas, como disse Bolívar, outro maçom: “A luz da verdade nunca apaga”.
Peregrino: E se eu quiser saber mais?
Átila: Visite nosso site ou preencha uma manifestação de interesse. Como Gandhi — que admirava nossos princípios — diria: “A jornada começa com um único passo”.
Peregrino: E se eu não estiver pronto?
Átila: (Sorrindo) A Maçonaria não convence — inspira. Quando a pedra bruta estiver preparada, o mestre a encontrará.